Nos enganaram
Prometeram que se cumprissemos
Teríamos a felicidade
Nos falaram de plano de carreira,
De diplomas, de escaladas à altos níveis,
Para ter a nossa dignidade.
Muitos de nós acreditamos,
Cumprimos as normas, alcançamos as metas
Mas nos decepcionamos.
Pois a cada degrau de subida
Outro ser humano
Ficava para trás.
Chantagearam nossa subjetividade
Manipularam aspirações queridas
Impossibilitaram nossos sonhos
E a cada degrau de subida
O afeto, a verdadeira solidariedade e a compaixão
Foram substituídos pelo signo do egoísmo e da competição
Nos enganaram, até o dia,
Que fracassados e inadaptados
Desvendamos o sistema.
Surgiu um clamor, como um sopro distante
Leve, suave, porém transformador
Capaz de tripidar as fendas do pré estabelecido.
E desde aí nada mais foi como antes
O cântico insinuante do sistema
Não nos seduzia mais
Passamos dia a dia
A mostrar as frestas à outros,
E esperar o dia da queda.
Cristiane Prudenciano